

Falta de milho no mercado interno pode fazer indústrias goianas paralisarem suas atividades
Cadê o milho que estava aqui?
Com a persistente alta do preço da saca do milho, indústrias alimentícias estão refazendo as contas e começam a reduzir a produção de proteína animal em Goiás. O reflexo desse movimento é um possível desabastecimento, pressionando o valor dos alimentos, corte na folha de funcionários e fechamento de matrizes. Um efeito cascata fortemente preocupante. Segundo empresários, uma alternativa seria a intervenção do governo federal nas exportações, equalizando os estoques nacionais. Outros acreditam que haverá ajuste de mercado.
A combinação da quebra expressiva de 40% da safra de milho safrinha no Estado de Goiás com o atraente preço do câmbio, vêm registrando déficit do produto no mercado nacional. A falta de milho, principal matéria-prima das rações, afeta diretamente o custo de produção da avicultura, suinocultura, leite e alimentos industrializados.
O cenário mais turbulento seria o fechamento de unidades industriais e de matrizes. Diversificada, a indústria alimentícia é a mais importante de Goiás. Conforme a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2014, o setor emprega 95,8 mil pessoas.
“Os estoques das 12 plantas industriais estão desuniformes. Se não conseguirmos milho do Mato Grosso, vamos ter de paralisar algumas unidades industriais”, avalia o presidente da Caramuru Alimentos, Alberto Borges de Souza.
Ele diz que 46% do milho foi vendido antecipadamente – índice considerado elevado – e os produtores precisam cumprir o contrato. “É uma situação muito preocupante”, alerta. O preço da saca do milho está o dobro do valor comercializado na média histórica.
Para o presidente da Super Frango, José Garrote, não há como repassar o valor para o consumidor e empresas já começam a alterar o mix de produto. “Algumas estão produzindo somente o galeto. Pode ocorrer a desindustrialização da atividade”, afirma.
Por Karina Ribeiro / O POPULAR